Entrevista Pedro Nicacio, campeão do 20º Tour de Santa Catarina

Um expoente do ciclismo brasileiro...

Pedro Autran Nicácio, 25 anos, é uma das principais promessas do ciclismo brasileiro. Paranaense radicado em Belo Horizonte, ele iniciou no ciclismo com 16 anos e desde então coleciona títulos. No dia 25/11, Nicacio obteve a “maior conquista da carreira” ao vencer o Tour de Santa Catarina.

Uma etapa antes de levantar o troféu e entrar para o seleto grupo de campeões do Tour, Nicacio concedeu entrevista exclusiva ao www.ciclismosc.com.br. Com a fala mansa e a tranqüilidade de sempre, o ciclista da equipe Scott/Fadenp/São José dos Campos falou das primeiras pedaladas e da transição do montain bike para o ciclismo.

Comentou ainda sobre seu treinamento, ciclismo no Brasil, ídolos, títulos e metas para o futuro como o Pan-americano do Rio de Janeiro em 2007. Confira a entrevista na íntegra.

Repórter: Murilo Roso

Como foi seu primeiro contato com a bicicleta?

Foi com cinco anos na Praça do Papa, em Belo Horizonte. Mas comecei a pedalar mesmo em 1997 depois que eu quebrei o braço andando de skate e engessaram errado. Pra tirar tiveram que quebrar o gesso e a dor foi tão grande que nunca mais quis saber do skate. Fui andar de montain bike.

Quando você percebeu que levava jeito para ser ciclista?

Comecei andando de montain bike com 16 anos. A primeira prova que eu participei foi o Iron Biker em 1997. Não treinava e só corria no final de semana. Em 1998 foi quando eu decidi levar a sério, procurei treinador, comecei a seguir planilha, passei a cuidar mais da alimentação e comecei a treinar mais freqüentemente. Com isso arrumei um patrocínio de loja de bicicleta e vieram as primeiras competições no meu Estado. Em 1999 fui vice-campeão brasileiro júnior de montain bike, representei o Brasil em mundial e pan-americano júnior. Em 2000 eu fui campeão mineiro e ganhei o Iron Biker. 

E a transição para o ciclismo de estrada?

Em 2001 eu fui incentivado pelo meu treinador para comprar uma bicicleta de ciclismo porque nos testes eu mostrava uma potência muito boa na estrada. Então comecei a competir provas de ciclismo e montain bike ao mesmo tempo até que em 2002 fui obrigado a optar por apenas uma delas, pois uma estava atrapalhando a outra. Depois de correr a Volta do Rio e a Volta de Santa Catarina eu achei muito prazeroso e comecei a fazer só ciclismo. Foi uma decisão acertada.

O que você acha do Tour de Santa Catarina?

O que eu gosto muito aqui em Santa Catarina são as paisagens. A Serra do Rio do Rastro, o trecho entre São Joaquim, Urubici e Bom Retiro, por exemplo, são lugares bonitos que em outras voltas aqui no Brasil a gente não passa. O carinho que recebemos do público aqui também é gratificante. Além disso, é uma prova bastante completa com todo tipo de topografia e condições climáticas bem variadas. Todos os ciclistas chegam aqui 100%, têm vontade de ganhar. Na minha opinião é a prova que eu mais gosto de correr.

Como é sua rotina de treinos?

Treino em média três horas por dia. Estou sempre pedalando, só não treino quando viajo. Também faço academia três vezes por semana só membros superiores. Converso bastante com meu treinador e faço testes com freqüência pra ver a condição física.

Um breve resumo dos títulos:

2004
3º lugar geral no Tour de Santa Catarina

2005

3º lugar geral na Volta Internacional do Estado de São Paulo (melhor Brasileiro)
Vice-campeão Pan Americano de Ciclismo de Contra-Relógio (Mar Del Plata - Argentina)
Campeão Brasileiro de Ciclismo prova do Contra-Relógio
Vice-Campeão no Tour de Santa Catarina

2006

Campeão por equipe da Volta de Porto Alegre
Campeão por equipe do Torneio de Verão
Vice-campeão da Volta Internacional de São Paulo
Campeão de Contra-Relógio da XXIX Prova da Inconfidência Mineira
Campeão Geral XXIX Prova da Inconfidência Mineira
Campeão Brasileiro de Contra-Relógio

Campeão Pan-Americano de Contra-Relógio (São Paulo-Brasil)
Campeão do 20º Tour de Santa Catarina

Quem são seus ídolos no ciclismo?

Um ciclista que eu admiro é o italiano Paolo Betini. Já foi campeão olímpico e mundial, é um ciclista ousado que quando está bem mesmo raramente perde uma vitória. No Brasil admiro o Márcio May por estar tantos anos no ciclismo e sempre vencendo e mostrando resultado.

Como é fazer parte da equipe Scott?

Minha equipe é perfeita. Somos todos amigos e estamos bem entrosados desde mecânico, técnico, massagista. Fizemos um trabalho exemplar nesse Tour e sem eles eu não teria chegado na última etapa com o título praticamente conquistado. 

Como você vê o ciclismo brasileiro?

O ciclismo brasileiro tem muitos atletas de alto nível. Cada ano que passa melhora em questão de provas e estrutura. Acho apenas que o Brasil deveria fazer um intercâmbio com a Europa, levar ciclistas novos que estão se destacando aqui para correr na Europa e no futuro ter condições de representar bem nosso país nas Olimpíadas ou numa grande volta mundial. Outra coisa que pode ser melhor é a atenção da mídia para o ciclismo.

Qual prova você sonha em disputar?

O sonho de todo ciclista é correr o Tour de France, Giro da Itália ou Volta da Espanha. Além desses, eu tenho muita vontade de disputar uma Olimpíada.

E o Pan americano do Rio em 2007?

Quero estar lá sem dúvida. Acho que é muito cedo para falar em convocação. Vamos esperar o início da temporada de 2007 pra ver, mas eu tenho esperanças de ser um dos representantes do Brasil. É uma competição bastante valorizada ainda mais por ser em casa. Os adversários mais difíceis devem ser Estados Unidos, Canadá, Venezuela, Colômbia, México, entre outros. Todos são bons.

fonte: ciclismosc