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Entrevista a César Martingil: “Está na altura de integrar uma nova equipa”


Aos 23 anos, César Martingil (Liberty Seguros-Carglass) foi um dos jovens rostos do pelotão nacional que mais destaque garantiu na temporada de 2018. Perto de vestir a camisola amarela na Volta a Portugal, a brilhante performance no contra-relógio do prólogo deu-lhe a visibilidade há muito merecida. Por dois segundos, viu a vitória e a amarela escapar para o internacional luso Rafael Reis (Caja Rural-Seguros RGA), mas não o impediu de subir ao pódio como melhor jovem durante três dias consecutivos.

Campeão nacional de fundo nos escalões de cadete e júnior, vencedor da Taça de Portugal em júnior e sub-23 e detentor de diversos títulos nacionais em pista, em 2018 juntou ao seu palmarés a recente vitória no Circuito do Bombarral e, mais importante, destacáveis performances nas mais importantes corridas nacionais. Ao Cycling & Thoughts, César Martingil falou sobre a temporada e a decisão de deixar a Liberty Seguros-Carglass no final do ano.



Estreia na Volta a Portugal e Volta ao Algarve, através da subida de escalão da Liberty Seguros-Carglass

“Ao subir de escalão, esta equipa deu-me outra visibilidade ao correr a Volta ao Algarve e a Volta a Portugal. Sabia que na Volta ao Algarve as dificuldades iam ser enormes, mas penso que as superei, mesmo não estando num bom momento nessa altura. Fui trabalhando desde aí e quando cheguei à Volta a Portugal estava em forma e os resultados vieram ao de cima.”

Desempenho na Volta a Portugal e a proximidade à camisola amarela

“Entrei bem na Volta. O crono quase que foi desenhado para mim e, se houvesse bonificações, tinha vestido a amarela na primeira etapa em linha. No terceiro dia tentei, mas sofri a queda… acho que havia mais uma ou duas etapas em que podia estar na discussão. À amarela não sei se chegava.”

Ao longo da época, esteve na discussão de etapas das provas mais importantes do calendário luso (Prova de Abertura, GP Abimota, Volta ao Alentejo, GP JN, GP Nacional 2 e Volta a Portugal)

“Ao longo dos anos, tenho-me destacado na especialidade do sprint. Nem sempre estou bem, mas tenho melhorado e, de ano para ano, tenho estado mais presente nas discussões ao sprint. Posso não ter ganho, mas estivesse quase sempre lá.”

Passados quatro anos, chega ao fim a ligação com a Liberty Seguros-Carglass

“Fui convidado para integrar a equipa logo quando foi criada. Esta é a quarta época, são alguns anos e penso que já dei tudo o que tinha à Liberty Seguros-Carglass e a equipa já me deu tudo a mim também. Está na altura de integrar uma nova equipa. Não é que esteja mal aqui, mas a equipa irá colocar ciclistas mais novos e eu quero ir mais além.”

Equipa futura

“Em Portugal ou no estrangeiro, vamos ver. O ciclismo no nosso país está a evoluir e se ficar cá não é desilusão nenhuma. Desde que entrei para o ciclismo, temos vindo a evoluir cada vez mais, mas penso que seria importante ter uma equipa Pro Continental a correr o calendário internacional.”

Jovens lusos a integrar o pelotão internacional

“De ano para ano, temos vindo a ter cada vez mais ciclistas no pelotão internacional. Temos três portugueses numa equipa americana, o que demonstra a nossa grande evolução. Para o ano, poderemos ter três ciclistas portugueses numa equipa WorldTour. Ainda agora o José Neves esteve a estagiar com a EF-Drapac, penso que conseguirá fazer contrato, e tudo isto é uma forma de verem lá fora que podem acreditar mais em nós portugueses.”

Integrar o pelotão internacional é mais difícil para um sprinter

“É e não é. Temos de trabalhar muito em Portugal para passar as montanhas. Lá fora também há montanhas, mas existem mais corridas específicas para sprinters. Em Portugal, temos de saber jogar bem as coisas, passar bem a montanha para estar no final. Conseguir dar o salto para o estrangeiro depende muito de como correm as provas e de quem está a olhar para nós para conseguir ir para o estrangeiro.”

Momento do ano

“O primeiro dia da Volta a Portugal! Ganhei o Circuito do Bombarral e ao longo da época tive bons momentos, mas o primeiro dia da Volta foi o melhor momento desta época.”



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