Avançar para o conteúdo principal

Rui Sousa: “Tenho o direito e a liberdade de sonhar em poder vencer a Volta a Portugal”

Rui Sousa prepara-se para viver uma vez mais a sua corrida de eleição. Aos 40 anos de idade, lidera a Rádio Popular-Boavista com o objectivo de chegar ao pódio da Volta a Portugal, seu por cinco vezes na carreira. A duas semanas do início da Volta, o experiente ciclista falou com o Cycling & Thoughts em pleno Troféu Joaquim Agostinho sobre a prova rainha do calendário nacional.

Rui Sousa na subida do alto de Montejunto,
Troféu Joaquim Agostinho 2016 (foto Helena Dias)

No decorrer desta temporada, Rui Sousa tem trabalhado rumo ao objectivo a que se propõe todos os anos. “Tenho-me sentido bem dentro daquilo que são as minhas aspirações. Tenho feito uma temporada que tem vindo ao encontro das últimas. Andar de forma mais tranquila até ao objectivo Volta a Portugal, entendendo que é cada vez mais difícil tentar discutir, mas pelo menos estou com aspirações de que posso participar no espectáculo e na discussão dessa corrida.”

Perguntado sobre o que é que a Volta lhe dá que mais nenhuma outra corrida consegue oferecer ao final de tantos anos de carreira, Rui é peremptório. “De há muitos anos a esta parte, é a minha corrida de referência, de paixão. É aquela que eu sempre sonhei. Naturalmente, as coisas complicaram-se com o passar dos anos, mas acho que tenho o direito e a liberdade de sonhar em poder vencê-la se ainda me mantenho no activo. Depois de ter conseguido cinco pódios, na verdade o que me motiva é essa corrida e isso diz tudo. Sinto-me bem nesta corrida e o carinho do público é essencial.”

O caminho a percorrer não será fácil, numa Volta que este ano apresenta um contra-relógio de 32 km na derradeira jornada, entre Vila Franca de Xira e Lisboa. Não sendo um especialista no esforço individual, Rui Sousa contará com os companheiros da Rádio Popular-Boavista para fazer a diferença nas anteriores etapas rumo ao pódio da Volta.

“Nós tentámos criar a melhor equipa possível e temos de ter essa convicção, essa vontade de que podemos lutar como os outros. Naturalmente temos as nossas limitações, mas os outros também as terão e as corridas não são todas iguais. O desenvolvimento da própria corrida diferencia-se muito de etapa para etapa, Volta a Volta. Acho que temos uma palavra a dizer, é para isso que trabalhamos o ano todo e é nesse intuito que vamos dar o nosso melhor. Seria excelente ganhar, atendendo e respeitando todos os adversários, sabendo que eles estarão o melhor possível também.”

Onde fazer essa diferença e desarmar os principais adversários é a questão. Para Rui Sousa, a sexta etapa [173,7 km Belmonte / Guarda] é decisiva na luta pela camisola amarela e explica o porquê: “Pelo enquadramento da Volta, apesar da etapa da Torre não acabar lá no alto, acho que será bastante decisiva. Na semana passada, tive a felicidade de reconhecer parte dessa etapa. A parte final é muito mais dura do que aquilo que eu pensava e acho que será um dia muito difícil. Claro que é diferente, não é uma chegada à Torre e a corrida será desenvolvida de uma maneira muito diferente, mas acho que será uma das etapas decisivas. A Sra. da Graça também. O resto da Volta são etapas onde podem haver diferenças, claro que sim, mas acho que não serão tão significativas como esses dias podem dar.”

Em 2015, Rui Sousa terminou a Volta na 5ª posição. Este ano pedala em busca de discutir a classificação geral e quem sabe repetir um triunfo em etapa já alcançado por quatro vezes, duas na Torre (2008/2014), uma na Sra. da Graça (2012) e outra na sua terra Viana do Castelo (2013).

Rui Sousa no final do prólogo,
Troféu Joaquim Agostinho 2016 (foto Helena Dias)

Comentários

  1. Parabéns pela entrevista e mais uma vez pelo cuidado de realçar os anseios e ambições dos protagonistas da modalidade.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Artigos Mais Lidos

Apresentação Liberty Seguros/Feira/KTM 2014

Esta quinta-feira, a Biblioteca Municipal de Sta. Maria da Feira recebeu a apresentação do 6º GP Liberty Seguros/Volta às Terras de Sta. Maria e das equipas de formação Liberty Seguros/Feira/KTM do Sport Ciclismo S. João de Ver. Entre as personalidades presentes destacaram-se os patrocinadores das equipas, nomeadamente a Liberty Seguros, a KTM e a Câmara Municipal de Sta. Maria da Feira. Também não faltaram antigos corredores da casa, actualmente a pedalar no pelotão profissional nacional, entre outros o campeão nacional Joni Brandão, César Fonte, Edgar Pinto, Frederico Figueiredo, Mário Costa, Rafael Silva e o internacional André Cardoso. Nem o campeão do mundo Rui Costa faltou à chamada de um dos directores desportivos mais acarinhados no país, Manuel Correia, deixando em vídeo uma mensagem sentida de agradecimento pelo seu percurso e aprendizagem no clube. Precisamente de Manuel Correia surgiu o momento mais marcante da cerimónia, aquando do seu anúncio de fim de ciclo

Os velódromos de Portugal

Velódromo de Palhavã (© Arquivo Municipal de Lisboa) Em Portugal, o ciclismo já foi considerado o desporto da moda entre as elites. Para chegarmos a esse momento da história, temos de recuar ao tempo da monarquia, até finais do século XIX, para encontrar o primeiro velódromo em território nacional, o Velódromo do Clube de Caçadores do Porto , na Quinta de Salgueiros, não sendo a sua data totalmente precisa, já que a informação a seu respeito é muito escassa. Em alguns relatos, a sua inauguração data de 1883, enquanto noutros data de 1893.

Tour de France 2015: percurso e lusos da 102ª edição

A prova rainha do ciclismo mundial está a chegar. O 102º Tour de France estará entre nós de 4 a 26 de Julho, naquela que promete ser uma das edições mais emocionantes dos últimos anos. A razão prende-se com o luxuoso pelotão que irá percorrer 3360 quilómetros de Utrecht a Paris, onde nos magníficos Champs-Élysées se conhecerá o vencedor de 2015. Alberto Contador (TCS), Chris Froome (SKY), Nairo Quintana (MOV) e Vincenzo Nibali (AST) são os máximos favoritos ao maillot jaune , mas as surpresas sempre sucedem no decorrer de uma grande volta e esta, provavelmente, não será excepção na luta pelo pódio. Maior é a expectativa pelo desafio que o campeão espanhol e recente vencedor do Giro d’Itália traz nos pedais. Contador quer alcançar a dupla vitória Giro-Tour no mesmo ano , nesta que transparece ser uma edição de dureza extrema e de escaladas colossais nas duas últimas semanas. Na luta pelos lugares cimeiros da geral, há que ter em conta os nomes de Rui Costa (LAM) , Joaquim ‘Purito’ Ro